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A Chucalhada

Em Ázere, quando um viúvo pretendia casar, tinha que o fazer muito em segredo. Quem diz um viúvo, também podia ser uma viúva, ou mesmo 2 viúvos.

Mas por mais segredo que quisessem fazer, sempre vinha ao de cima e então tínhamos a chocalhada. Durante muitos dias, os rapazes e mesmo as raparigas, iam junto das casas desses viúvos, e vai de tocar com latas velhas, chocalhos e outros instrumentos semi-musicais, fazer barulho e proferir certos palavrões. De lá, vinha muitas vezes, uns baldes de água mal cheirosa, ou então eram corridos à paulada. Então era vê-los a fugir pelas veredas e quelhas, como coelhos acoissados por cães de caça.

Mas chegava o dia do casamento e se a rapaziada dava por isso, organizava a chocalhada. Esperavam-se os noivos à porta da Igreja, formava-se o cortejo nupcial até à casa onde era servida a boda e atrás seguia a chocalhada, alegrando os ares com melodias sem inspiração e dichotes um tanto ou quanto contundentes, que continuavam até que a festa terminasse. Muitas vezes, os familiares dos noivos, para calar a irreverência do rapazio, mandava-os entrar para o pátio e serviam-lhes uns petiscos, e então esquecia-se a chocalhada para dar largas ao prazer pantagruélico. Comia-se e bebia-se alegremente, e por fim, até se tomava parte no bailarico que normalmente se dava nestas festas de casamento.

O Dia dos Finados, mantendo a tradição, era um dia de luto e dor. O sino principal da Igreja badalava tristemente. Toda a gente se vestia de luto e se recordava dos entes queridos. Ia-se ao cemitério e orava-se pelos defuntos; enfeitavam-se as campas, com as mais belas flores da época. O sino continuava a dobrar tristemente, só parando quando se punha o astro rei e começava a escurecer. Assistia-se à Missa que era celebrada pelo pároco, recordando os que partiram para o além, para Deus. O Padre subia ao altar com vestes de luto, que é o roxo, e a Missa era ouvida com o máximo respeito, apenas se ouvindo o ciciar das orações. Era um dia triste. Era o dia dos Fiéis de Deus.

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